quinta-feira, 19 de julho de 2012

Virado quase pelo avesso.

Quando fazia o curso de Engenharia Ambiental, assisti a uma aula inaugural com o astronauta brasileiro Marcos Pontes. Fiquei extremamente impressionado com o relato dele e ainda mais quando detalhava os exames que teve que fazer para poder ir para o espaço. Segundo ele, foi examinado em quase todos os buracos existentes no corpo humano. Só escrevo isto porque foi uma aula inaugural e não parece ser uma informação sigilosa, com segredos de estado, e creio que não corro o risco de ser processado por citar o nome dele nesta minha narrativa. Bem, o que aconteceu com ele me impressionou de verdade e pensei: “Nunca vou ao espaço, nem para receber dinheiro.” Porém, depois do que me aconteceu nestes dois últimos meses, já me sinto apto e pronto para ir ao espaço. Explicarei e, por favor, não dêem risada a coisa é triste e séria. Pois bem, há alguns meses venho sentindo umas dores do lado esquerdo da barriga, tipo apendicite (nunca cheguei nem perto de ter uma apendicite, só imagino como seja), mas quem é do interior do Nordeste saberá se eu disser que é igual a “dor de facão”. Vamos em frente, não vou entrar no relato de minha peregrinação médico-hospitalar nos últimos meses, tentarei ser o mais breve na narração e explicar o porquê me sinto apto a ir para o espaço. Depois de visitar a gastro e ela me orientar a ir ao urologista (o cara até já marcou encontro para o ano que vem, mas isto é outra história) e saber que na região urológica esta tudo normal, retornei à gastro. A partir daqui que começou a minha virada pelo avesso. Na verdade o urologista deu o primeiro empurrão, com o dedo, é verdade. Duro admitir, mas é a pura verdade e todos vocês homens que me lêem passarão por isto algum dia, tenham certeza. Voltando a virada quase pelo avesso a qual fui submetido, após o retorno à gastro ela disse para fazer uma colonoscopia e também uma endoscopia, fizeram a minha primeira dupla penetração (espero que tenha sido a última), tubo por baixo e tubo por cima e eu lá “sedadão”, à mercê da médica (só procuro “médica fêmea”, na minha cabeça elas são mais cuidadosas e delicadas). Depois do urologista, já não tinha mais receio de nada, imaginava eu, mas fazer a endoscopia e a colonoscopia de uma vez só foi um dos piores procedimentos que imaginei ter que passar. Mal sabia eu que ainda teria que visitar uma tal de proctologista, fêmea também é claro. Procurei logo de imediato no oráculo dos tempos modernos, o nosso Google, pesquisar que diabos esta mulher poderia fazer comigo. Depois das pesquisas realizadas, imaginei chegando ao consultório dela e falar na lata: “Doutora, ai estão os exames, olhe e me diga o que fazer e não invente de olhar nada além do que está em cima de sua mesa, que são os exames. E tem mais, não lavei a bunda ainda hoje...” Quanto engano! Com ela começou a minha “quase virada pelo avesso, em um único dia”. Ela me explicou os resultados dos exames e me convidou para ir ao reservado, com a voz melosa me convidou a deitar na maca e disse: “Favor vire de ladinho que irei examinar seu reto.” Cara, aquilo para mim foi quase como se ouvisse um: “Cê tá preso vagabundo”, ou pior ainda “Meu pai chegou! Vista a roupa e saia correndo, pois ele é açougueiro”. Vamos ser bem honesto, foi uma situação quase tão constrangedora quanto à da minha primeira, e até o momento única vez, com o urologista, e olha que a talzinha da médica demorou um pouco mais me examinando. Até pensei que a Doutora estava mais era gostando de minha bunda cabeluda do que realmente examinando. Depois do quase inicio de namoro com a Doutora (afinal ela já se tornou intima, já conhece meu orifício mais escondido), fui encaminhado para fazer uma tomografia computadorizada do abdômen total, pensei: “Exame bobo e simples, deitar na maca, entrar no túnel e fim”. Aqui foi a segunda quase virada pelo avesso do mesmo dia. Depois da entrevista preliminar, a enfermeira toda educada, me diz: “Senhor, teremos que aplicar um contraste venoso, algum problema?” Receber contraste na veia, depois da proctologista enfiar uma mangueira parecida com o dedo do ET vocês sabem lá aonde, vai ser moleza. Infelizmente ela completou logo de imediato, com uma tijolada na testa: “O médico pediu que aplicasse um contraste retal também..” Como é que é? Mais uma cutucando minha bunda? Virou festa! Com certeza estas mulheres devem ter algum meio de comunicação e a primeira achou minha bunda bonita espalhando pelas redes sociais. Fiquei lá, olhando a enfermeira retirar do armário meio mundo de coisas, nem prestei atenção no que era para não sair dali correndo, com os tubos já dependurados em meu braço. Acho que a enfermeira, apesar de educada, deve ter algum trauma, pois me fez uma pergunta muito estranha: “O senhor tem problema com agulha?” Penso comigo, como assim problemas com agulha? Nunca cheguei a discutir com nenhuma agulha em minha vida. Que diabos de pergunta é esta? Ela resolveu explicar: “É que o senhor é grande e eu posso não agüentar.” Minha filha você esta complicando mais ainda a situação, depois de afirmar que tenho cara de doido, pois só doido pode ter problemas com seres inanimados, tipo agulhas, ainda está me chamando de gordo, assim na cara dura, sem vergonha nenhuma. Vai cutucar minha bunda e ainda me chama de gordo: “Vaca!”. Pensei eu, tomara que na hora da aplicação do contraste retal eu solte um peido na cara dela e ela vai ver quem é gordo. Amigos, confesso sem medo, a coisa é triste, a “mulher enfermeira” ali toda educada, pedindo desculpas, com todo jeito, ainda vem e coloca um fraldão geriátrico, vira a gente para um lado, vira para outro, pede mais licença e pede desculpas... Afirmo sem medo, aposto minhas camisas do Flamengo que não existe nenhum homem que fique tranqüilo com a situação que passei. Imagino até que poderia ser a Sharon Stone lá, fazendo o exame, que nem assim alguém iria relaxar. O pobre do “Bráulio” se encolheu mais que filhote de passarinho em dia de chuva. Uma cena dantesca com toda a certeza. Bem amigos (não sou o Galvão Bueno, mas aqui valia esta expressão), depois de tantos exames esdrúxulos e de praticamente ser virado pelo avesso, já preparei meu currículo e enviei a NASA. Topo apostar com Marcos Pontes que meus exames estão mais completos que o dele... Ou não?

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Uberlândia, pão de queijo, Brasília e o terrorista.

Imagino que quem ler o titulo do texto vai de cara ficar muito curioso e vai ler o resto para saber do que se trata. Como a maioria dos meus escritos, este foi um ocorrido comigo e tudo começou em uma viagem a serviço para Uberlândia, na verdade um treinamento que fui fazer em uma empresa de lá. A primeira impressão que tive de Uberlândia foi a de ser uma cidade bem organizada, limpa e com um povo meio desconfiado. Mas o que realmente marcou nesta viagem, nos quase três dias que passei por lá, foi a quantidade de “pãodequeijo” (é isto mesmo, tem que escrever tudo junto e falar bem rápido “pãodequeijo” , tenta carregar no sotaque mineiro) que fui, quase que obrigado a comer. Nunca, em meus 43 anos de vida, eu comi tanto “pãodequeijo” como nestes quase três dias. O pior é que parece que este trem vicia “nois dimais sô” (estou escrevendo com sotaque mineiro). Levanto a suspeita muito grande que eles (os cozinheiros de “pãodequeijo”) colocam alguma coisa muito viciante no tal do trem, uai sô! A gente pode estar de barriga cheia, passando mal, mas ai vem o “pãodequeijo” na mesa e pronto: você come um, dois, três e quer sair correndo mas não consegue, continua comendo, a barriga enche e come mais, se afasta do prato, sai da mesa e depois volta e come outro, uai sô, dá um desespero só! Voltando a escrever sobre Uberlândia, percebi que realmente o povo de lá gosta “dimais da conta” de “pãodequeijo”. Ou pode ser uma das alternativas abaixo: - cheguei em alguma época do ano que tinha um festival de “pãodequeijo”, - possivelmente, assim como os Mulçumanos tem o Ramadã e não fazem quase nada, os Uberlandenses (ou sei lá como se denomina quem nasce em Uberlândia) têm uma determinada época do ano, que em qualquer momento, eles têm que oferecer ”pãodequeijo” aos visitantes, em todos os instantes. Duvidam do que estou escrevendo? Irei provar. Estava passeando no Shopping, olhando os “trem” (tudo em Minas Gerais é trem, menos o trem que é “a coisa”), consultei o preço de um óculos Ray Ban , depois de ver o preço a mocinha olha para mim e oferece, toda contente: - “O senhor não quer um “cafezim” com “pãodequeijo”?” Olho um relógio e lá vem a pergunta: - “O senhor não aceita um “cafezim” com “pãodequeijo”?” Uma calça, e adivinhem: - “Moço, nós temos “pãodequeijo”. Não quer com um “cafezim”?” No hotel, perguntei o que tinha para almoço ou jantar. A mocinha, muito simpática, sorridente me responde: - “Temos um cardápio variado moço, e “pãodequeijo” também.” No treinamento o lanche era composto de “pãodequeijo” e “cafezim”. Juro que durante os próximos meses nem quero mais ouvir falar de “pãodequeijo”! Irei me internar em alguma clinica de reabilitação para viciados em “pãodequeijo” (será que existe?). Quem chegou até aqui, deve estar se perguntando aonde entra Brasília e o terrorista nesta história, pois bem (com bastante sotaque mineiro): - “Oceis deixem de ser apressados que termino já, já de contar a história, uai.” O meu voo de volta foi uma verdadeira via-crúcis, por pelo menos quatro aeroportos do Brasil (quem estiver lendo, lembre-se que a palavra aeroportos, a silaba “por” tem que ser lida como se existisse um acento agudo... lembrem-se da passagem em um quadro da CIA de Teatro “Os melhores do mundo”, quando tinha aquele ladrão culto, que saia matando os reféns quando os policiais erravam alguma palavra...ele citou o plural metafônico.É o caso de aeroporto.Espera ai, viajei de novo! Foco na história, caso contrário não termino de escrever) . Pois bem, como estava explicando, o retorno de Uberlândia para Salvador foi uma verdadeira via-crúcis, sai de Uberlândia para Congonhas (São Paulo), fiquei uma hora, ai embarquei para Brasília, mais duas horas no aeroporto e só depois para Salvador. Foi exatamente no trecho entre São Paulo e Brasília, que entra o caso do terrorista. Estava meio agitado, neste trecho da viagem. Estava com aquela vontade louca de escrever, rabiscar, queria passar a agitação. Resolvi abrir o notebook e tentar escrever algo. A foto de fundo de tela de meu note, é uma em que estou parecendo um árabe, com a expressão fechada, de óculos escuros, bem parecido com um árabe ou alguém daquela região do Oriente Médio. Com esta onda -adianto que acho um preconceito grande das pessoas, de acharem que todos os mulçumanos sejam terroristas- aconteceu o fato que irei narrar. Quando liguei o notebook e apareceu a minha foto, percebi que a mulher que estava ao meu lado e parecia estar dormindo, arregalou os olhos e ficou atenta aos meus movimentos. Percebi de canto de olho, que ela parecia ficar mais nervosa. Eu agia naturalmente, via os arquivos, abria uma pasta qualquer, fechava, fingia olhar o celular, ler alguma mensagem, deixava na minha foto, quando finalmente abri de modo off-line a pagina da internet http://www.thecleverest.com/countdown.swf . Foi a gota d’agua. A mulher, quase chorando, quase implorando, me disse: - Moço, pelo amor de Deus! Nós estamos no Brasil, não explode este avião não. Ele vai para Brasília e não para Washington, tenha piedade de nós! Para entenderem segue a foto de meu notebook.