segunda-feira, 9 de julho de 2012

Uberlândia, pão de queijo, Brasília e o terrorista.

Imagino que quem ler o titulo do texto vai de cara ficar muito curioso e vai ler o resto para saber do que se trata. Como a maioria dos meus escritos, este foi um ocorrido comigo e tudo começou em uma viagem a serviço para Uberlândia, na verdade um treinamento que fui fazer em uma empresa de lá. A primeira impressão que tive de Uberlândia foi a de ser uma cidade bem organizada, limpa e com um povo meio desconfiado. Mas o que realmente marcou nesta viagem, nos quase três dias que passei por lá, foi a quantidade de “pãodequeijo” (é isto mesmo, tem que escrever tudo junto e falar bem rápido “pãodequeijo” , tenta carregar no sotaque mineiro) que fui, quase que obrigado a comer. Nunca, em meus 43 anos de vida, eu comi tanto “pãodequeijo” como nestes quase três dias. O pior é que parece que este trem vicia “nois dimais sô” (estou escrevendo com sotaque mineiro). Levanto a suspeita muito grande que eles (os cozinheiros de “pãodequeijo”) colocam alguma coisa muito viciante no tal do trem, uai sô! A gente pode estar de barriga cheia, passando mal, mas ai vem o “pãodequeijo” na mesa e pronto: você come um, dois, três e quer sair correndo mas não consegue, continua comendo, a barriga enche e come mais, se afasta do prato, sai da mesa e depois volta e come outro, uai sô, dá um desespero só! Voltando a escrever sobre Uberlândia, percebi que realmente o povo de lá gosta “dimais da conta” de “pãodequeijo”. Ou pode ser uma das alternativas abaixo: - cheguei em alguma época do ano que tinha um festival de “pãodequeijo”, - possivelmente, assim como os Mulçumanos tem o Ramadã e não fazem quase nada, os Uberlandenses (ou sei lá como se denomina quem nasce em Uberlândia) têm uma determinada época do ano, que em qualquer momento, eles têm que oferecer ”pãodequeijo” aos visitantes, em todos os instantes. Duvidam do que estou escrevendo? Irei provar. Estava passeando no Shopping, olhando os “trem” (tudo em Minas Gerais é trem, menos o trem que é “a coisa”), consultei o preço de um óculos Ray Ban , depois de ver o preço a mocinha olha para mim e oferece, toda contente: - “O senhor não quer um “cafezim” com “pãodequeijo”?” Olho um relógio e lá vem a pergunta: - “O senhor não aceita um “cafezim” com “pãodequeijo”?” Uma calça, e adivinhem: - “Moço, nós temos “pãodequeijo”. Não quer com um “cafezim”?” No hotel, perguntei o que tinha para almoço ou jantar. A mocinha, muito simpática, sorridente me responde: - “Temos um cardápio variado moço, e “pãodequeijo” também.” No treinamento o lanche era composto de “pãodequeijo” e “cafezim”. Juro que durante os próximos meses nem quero mais ouvir falar de “pãodequeijo”! Irei me internar em alguma clinica de reabilitação para viciados em “pãodequeijo” (será que existe?). Quem chegou até aqui, deve estar se perguntando aonde entra Brasília e o terrorista nesta história, pois bem (com bastante sotaque mineiro): - “Oceis deixem de ser apressados que termino já, já de contar a história, uai.” O meu voo de volta foi uma verdadeira via-crúcis, por pelo menos quatro aeroportos do Brasil (quem estiver lendo, lembre-se que a palavra aeroportos, a silaba “por” tem que ser lida como se existisse um acento agudo... lembrem-se da passagem em um quadro da CIA de Teatro “Os melhores do mundo”, quando tinha aquele ladrão culto, que saia matando os reféns quando os policiais erravam alguma palavra...ele citou o plural metafônico.É o caso de aeroporto.Espera ai, viajei de novo! Foco na história, caso contrário não termino de escrever) . Pois bem, como estava explicando, o retorno de Uberlândia para Salvador foi uma verdadeira via-crúcis, sai de Uberlândia para Congonhas (São Paulo), fiquei uma hora, ai embarquei para Brasília, mais duas horas no aeroporto e só depois para Salvador. Foi exatamente no trecho entre São Paulo e Brasília, que entra o caso do terrorista. Estava meio agitado, neste trecho da viagem. Estava com aquela vontade louca de escrever, rabiscar, queria passar a agitação. Resolvi abrir o notebook e tentar escrever algo. A foto de fundo de tela de meu note, é uma em que estou parecendo um árabe, com a expressão fechada, de óculos escuros, bem parecido com um árabe ou alguém daquela região do Oriente Médio. Com esta onda -adianto que acho um preconceito grande das pessoas, de acharem que todos os mulçumanos sejam terroristas- aconteceu o fato que irei narrar. Quando liguei o notebook e apareceu a minha foto, percebi que a mulher que estava ao meu lado e parecia estar dormindo, arregalou os olhos e ficou atenta aos meus movimentos. Percebi de canto de olho, que ela parecia ficar mais nervosa. Eu agia naturalmente, via os arquivos, abria uma pasta qualquer, fechava, fingia olhar o celular, ler alguma mensagem, deixava na minha foto, quando finalmente abri de modo off-line a pagina da internet http://www.thecleverest.com/countdown.swf . Foi a gota d’agua. A mulher, quase chorando, quase implorando, me disse: - Moço, pelo amor de Deus! Nós estamos no Brasil, não explode este avião não. Ele vai para Brasília e não para Washington, tenha piedade de nós! Para entenderem segue a foto de meu notebook.