segunda-feira, 25 de abril de 2011

Final de campeonato

Um de meus maiores orgulhos é ser baiano, ser nordestino. Aprendi a respeitar a diversidade brasileira, a diversidade cultural, a miscigenação única existente no Brasil, coisa que parece que a maioria de nossos irmãos sulistas (entenda-se aqui de Minas Gerais para baixo) não aprenderam a valorizar. Espera ai, estou querendo escrever sobre futebol e não meu orgulho de ser baiano e nordestino, se bem que minha paixão pelo futebol passa pelo meu orgulho de ser baiano. Aprendi a respeitar as torcidas fanáticas da Bahia, do Nordeste em geral, a admirar estes torcedores loucos e apaixonados do nordeste, mas a minha paixão futebolística passa pelo FLAMENGO, não há explicação em nenhum canto sobre o que acontece com este time e a paixão que desperta na maioria dos brasileiros. Fui arrebatado pelo FLAMENGO e ponto final. Amo a comida nordestina, a comida baiana e as baianas em geral (acho que depois desta frase corro risco de apanhar) antes de qualquer mal entendido, minha mãe era baiana, minha irmã baiana, minhas tias baianas, etc...
Voltando ao assunto futebol, estamos próximos a mais uma final de um campeonato em que o Mais Querido estar por participar e mais uma vez, depois de longos anos, contra o "vasquinho". Confesso que sendo torcedor esperava ansioso por este encontro, não posso afirmar quem sairá vencedor, mas me sinto quase campeão, corro o risco de queimar os "dedos”, afinal estou escrevendo por antecipação.
Bem, esta final me lembra de outra, há alguns anos, ainda morava em Vitória da Conquista, final de campeonato na verdade de um turno como a do próximo Domingo, mesmo que apenas de um Campeonato Carioca, mas era contra o Vasco e apenas isto já valia torcer. Afinal ganhar titulo em cima do "Vascacaindo" é quase um orgasmo. Naquele ano morava colada a minha casa, um grande amigo que tem o maior defeito que uma pessoa pode ter: ser torcedor do Vasco. Tudo bem, não podemos exigir perfeição dos amigos, apenas aceita-los como são. Por coincidência, a cidade de Vitória da Conquista já estava em festa, quase que adivinhando o resultado final daquele confronto. Era Micareta em Vitória da Conquista, estava quase sozinho na cidade, verdade que alguns primos estavam em minha casa, mas tudo era festa, afinal já era esperado a vitória sobre o "timinho da colina" (verdade que apenas os mais fanáticos como eu sabiam da vitória).
Estávamos no ano de "Nosso Senhor de 1999 depois de Cristo". Domingo de Micareta e eu desde a sexta-feira à noite tomando todas, como disse: quase sozinho. A mulher havia viajado, eu aproveitava e saia todas as noites, para piorar na noite de sábado havia saído e "ingerido" uns trezentos extratos de guaraná, já viu né. Acordei no Domingo mais ligado que coelhinho com pilha duracel. Os "amigos vascaindos" já cantavam vitória, pois o time deles jogava pelo empate e tinha o melhor elenco, se bem que elenco é coisa de novela da Globo e filme de Hollywood, estava agüentando a gozação antecipada desde a semana anterior e apenas respondia: "Vamos esperar até o próximo Domingo". Pois bem, já estávamos no Domingo e eu acesso, ligado, doido. Churrasco na casa de minha irmã e eu atacado, já perturbava todo mundo, inclusive o cachorro dela. "Derrubamos" três garrafas de whisky Bells (e mais guaraná em pó)com coca-cola, o pó só do guaraná. Hora do jogo, fomos todos(menos o cachorro) para minha casa, eu já tinha alcançado todos os níveis de loucura possível, perturbava todo mundo e agora até meu cachorro (um Fila Brasileiro misturado com Dobermann chamado Brutus) e não poderia deixar de perturbar meu vizinho e "cumpadi" que infelizmente é "vascaindo". Começa o jogo, acaba o Bells, vaquinha para comprar mais whisky e lá vai eu para o bar, perturbava todo mundo no caminho (inclusive a dona do bar que nem gostava de futebol), já de volta para casa, grita Galvão: “ Goooooooool ... ninguém menos que Romário .. 1x) para o Mengão, ligo o som e ninguém mais escuta a TV, hino a toda altura, saio gritando, correndo, perturbo o cachorro, invado a casa de meu “cumpadi”, sou expulso de lá, abraço meus primos e bebo mais whisky. De novo: “Goooooool...mais uma vez Romário já é demais, 2x0 ... A esta altura se entrasse na casa do “cumpadi” seria morto, resolvi por prudência (se é que bêbado tem alguma) ficar em casa, mas o hino do Mengão já estava repetindo pela milésima vez e para quase alivio de todos: acaba o jogo. Alivio que nada, ai sim que começa a verdadeira bagunça...
Resolvo descer, ir para a rua, já estava mais doido que o Beato Salu, desci para a folia de carro, paro no lugar de sempre e fomos para o camarote Vip: bebida à vontade e mais “vascaindo” para perturbar. Lá pelas tantas, altas horas, resolvi que já estava bêbado demais e o melhor era voltar para casa (se é que bêbado resolve alguma coisa). Neste ponto da história tudo muda, deu-se o ocorrido.
“Cadê meu carro? Roubaram meu carro! Quero meu carro de volta, é velho, mas é o único que tenho.” Enlouqueci e quase curei da cachaça... ““Uma “alma caridosa disse solenemente”: “ Vá até a policia e para de chorar.”.
Eu fui ainda tonto do trauma (da cachaça estava curado) pelo caminho encontrei um amigo que é Tenente da PM, expliquei a situação desagradável que me encontrava (só em olhar para minha cara ele percebia). De imediato meu amigo deu ordem de busca pelo rádio da policia me pediu calma e orientou que fosse à delegacia registrar o BO. Após seguir o conselho do Tenente, retornei para casa, chegando falei com meu primo que estava em casa o que tinha acontecido, ele me acalmou um pouco mais e disse que pela manhã voltaríamos a policia para sabermos noticias ( já tinha andado uns 10 km, entre delegacia , centro da cidade e retornar para casa) isto já era algo em torno de 4 horas da manhã. Dormi angustiado, de ressaca e preocupado, acordei por volta das 9 horas com aquele gosto de “corrimão de pensão” na boca, o outro primo que na noite anterior estava comigo e eu havia o deixado no camarote VIP, falou pausadamente e com toda calma:
“Marcão, esse carro não foi roubado. Você é que não sabe aonde parou ele.”
Simplesmente respondi: “Será possível?”
“Com toda certeza. Aguarda um pouco que vamos encontrar a “lata velha”. Deixa eu acordar primeiro.”
Grande “Tonhão”! Não é que o cara estava certo, Saímos a procurar o carro pela cidade e lá estava o pobrezinho encostado em uma rua qualquer (muito mal estacionado por sinal) com todos os arranhões de sempre e parecia me dizer algo do tipo:”Ainda vai beber vagabundo!”
Já perdi carro em outros lugares, mas nunca mais foi por bebida. Espero que este próximo fim de semana repita o final do jogo, não bebo mais como antes, mas ainda torço feito um louco.
Saudações rubro-negras.

Um comentário:

Sandra Alban disse...

Rsrsrs...nunca me diverti tanto em ler um relato real. Tem poesia, tem malícia, tem humor. O amor ao meu Mengo fala mais alto no meu peito, meu coração é rubro-negro, sou mengão desde a época do galinho de Quintino (apesar de nada entender sobre futebol) rsrsrs. Parabéns, não sei como ainda não escreveu um livro, pois a riqueza de detalhes que você passa, as cores que você pincela nesta aquarela viva mostrada em palavras...simplesmente retrata a sua sensibilidade, a perfeição da tua alma de artista. Que Deus te conserve assim.
Parabéns, felicidades e saudações rubro-negras.