quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quero

Ica, você me deu uma cópia desta poesia de Drummond há uns 20 anos, acho que não dei a atenção necessária, mas vejo que agora é válida.

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

2 comentários:

Clara Sa disse...

NÃO LEBRAVA DESSA POESIA, PORÉM ELA ESTA FAZENDO MAS SENTIDO AGORA DO QUE NUNCA, E COMO A MÚSICA DE CATEDRAL DIZ `TE AMA É MAIS DO QUE UM PRAZER...`, ESTAMOS NOS AMAMOS COM MAIS MATURIDADE E ISSO É ALGO TREMENDO, NÃO QUER DIZER QUE NÃO PODEMOS NOS AMAR COMO NOS AMAVAMOS QUANDO TINHAMOS 17 ANOS,TE TUDO, BEIJOS CARINHOSOS E DELICIOSOS.

Clara Sa disse...

E NÃO ESQUECIR: TE AMO, TE AMO, TE AMO, TE AMO, TE AMO... E CONTINUO TE AMADO